quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tango mi amor.


Há dias dei por mim a escrever os porquês de te amar, recordo-me que não foi tarefa difícil de realizar e que a lista já ia relativamente longa. Recordo-me também de pensar que talvez fosse a altura certa de dar voz a palavra, de soltar do meu peito aquele tão esperado amo-te.

Não foi realmente o melhor momento nem a altura certa, baralhei gestos, atitudes, pisei em falso e caí.

Rasguei tudo o que tinha escrito por esses dias, todos os desabafos que coloquei no papel na expectativa de me darem coragem para agir.

Apenas pensei em mim, no quanto todo estava a ser bom para mim, e nunca me veio há mente que depois de tantos momentos maravilhosos, tu ainda não estivesses preparado para o ouvir o que já muito tinham visto.

Durante vários dias a magoa e a desilusão tomaram conta de mim, mas não do meu amor.

Não consigo encontrar forma de definir o amor, mas senti-o presente em tudo o que faço, em cada passo de Tango, em cada abraço Milongueiro, em cada pé torto ele está lá.

O meu Amor existe, ultrapassa orgulho, vence obstáculos, entrega-se de corpo e calma a todos os trabalhos que há a cumprir. Vive somente fechado entre 4 paredes cegas, surdas e mudas.

O meu Amor existe em silencio, como se de um pecado se tratasse, faz-se ouvir baixinho nas poucas vezes que fala.

O meu Amor resiste na expectativa de um dia ser aceite.

O meu Amor persiste na esperança de um dia ser amado.

Talvez brevemente deixe de dançar sozinha....

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

"Sou toda feita de coração, nem sei porque é que Deus me deu miolos, nunca os uso para as coisas mais importantes da vida."

É difícil calar este sentimento que sinto florescer dentro de mim

É difícil ter de manter aparências, ter de disfarçar gestos e emoções

É difícil ter de calar quando apenas se quer falar

Fere-me demais a ausência de emoções.



E porque hoje, alguém me fez recordar Alexandre O´Neill:

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperançar louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.